A endometriose ocorre em cerca de 15% das brasileiras, sendo mais frequente na faixa dos 25 aos 35 anos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Trata-se de uma doença crônica, muitas vezes dolorosa, mas muitas vezes assintomática e cujas causas ainda não são totalmente esclarecidas. Sabe-se, no entanto, que sua origem é multifatorial, relacionando-se, principalmente, a aspectos genéticos e alterações anatômicas e/ou bioquímicas.
Neste artigo, abordamos as principais causas da endometriose e suas complicações para a saúde feminina. Para saber mais, continue a leitura.
Quais são as causas da endometriose?
O endométrio é o tecido que reveste a parede interna do útero, o qual é eliminado por meio da menstruação. Quando as células endometriais crescem fora da cavidade uterina, provocam uma reação inflamatória, causando lesões, que podem provocar dor — sobretudo, antes e durante do período menstrual. Alteração do hábito intestinal, dor na relação sexual são outros sintomas associados.
Portanto, o tecido endometrial ectópico é o responsável pela endometriose. Geralmente, ele aparece nos ovários, em ligamentos que sustentam o útero, no espaço entre o útero e a bexiga ou, ainda, entre o reto e a vagina.
Mas a endometriose também pode ocorrer nas trompas de Falópio, na bexiga, nos ureteres (canais que ligam os rins à bexiga), na vagina e na parte externa dos intestinos. Além disso, em casos mais raros, surge no colo do útero, na vulva, em cicatrizes de cirurgias realizadas no abdômen, no pericárdio (saco fibroso que envolve o coração) e na pleura (membrana que reveste os pulmões).
O que explica seu aparecimento?
Há diversas hipóteses para o crescimento do tecido endometrial para além do útero. Entre elas, sugere-se que:
alguns fragmentos de tecido endometrial poderiam ser eliminados por meio da menstruação e subir pelas trompas de Falópio, entrando na cavidade abdominal, em vez de saírem pela vagina;
parte das células endometriais seriam transportadas pelos vasos sanguíneos ou pelos vasos linfáticos; entre outras possibilidades.
Além disso, a endometriose pode ter cunho hereditário. Outro aspecto importante é que ela costuma ocorrer em meninas que começaram a menstruar cedo e com ciclos curtos (inferiores a 27 dias) e intensos (duração maior que oito dias e fluxo alto).
Como é o diagnóstico da endometriose?
O diagnóstico da endometriose se baseia em sintomas como infertilidade (presente em até 50% das pacientes) e dor pélvica crônica (presente em até 80%). Ele é confirmado por meio de exames de imagem (ultrassom transvaginal 4D e ressonância magnética) e/ou cirurgia (videolaparoscopia diagnóstica).
Dependendo da localização do tecido endometrial ectópico, pode ser preciso realizar uma biópsia. Já no caso de pacientes com infertilidade, outros exames são necessários — para averiguar se a causa da infertilidade é, exclusivamente, a endometriose ou se há outros distúrbios.
Vale destacar que a demora no diagnóstico explica, em grande parte, as complicações relacionadas à doença. Ainda que possa surgir na adolescência, a confirmação se dá, em média, aos 27 anos.
Quais são as complicações para a saúde?
A endometriose, geralmente, provoca cólicas fortes — inclusive, além do período menstrual —, dispareunia (dor durante e após as relações sexuais), dor profunda na pelve ou na vagina, inchaço abdominal e cansaço extremo e sem motivo aparente. A eliminação de sangue nas fezes e na urina também é comum. Mas a principal complicação é a infertilidade.
Com o passar do tempo, a endometriose pode aumentar de tamanho e atingir mais locais, permanecendo nas superfícies ou penetrando-os profundamente. Nesse caso, leva à formação de nódulos que comprometem o funcionamento dos órgãos ou estruturas onde estão alojados (como obstrução das trompas, dos intestinos, etc.).
Como é o tratamento para a endometriose?
A infertilidade é a principal consequência da endometriose. Dependendo do estágio em que a doença se encontra, do tempo de esterilidade e da idade da mulher, a reversão do quadro fica mais difícil. Por isso, trata-se de uma doença que não pode esperar e que deve ser tratada — inclusive, durante a pandemia de Covid-19.
A estratégia de tratamento é sempre individualizada, variando de acordo com grau da doença e sintomas provocados, bem como os planos para engravidar. A endometriose pode ser tratada com medicamentos e/ou cirurgia (o que exige o controle medicamentoso a posteriori, a menos que os ovários sejam removidos).
Após o tratamento medicamentoso, as taxas de fertilidade variam entre 40 a 60%. Se cirúrgico (sem danos aos ovários), varia de 40 a 70%. Por isso, é importante conversar com um especialista em reprodução sobre a possibilidade de fazer o congelamento preventivo dos óvulos, para uso posterior em um tratamento de reprodução assistida (como a fertilização in vitro).
Por fim, é importante reforçar a necessidade do tratamento integral da paciente, para minimizar o estresse e a ansiedade ligados à endometriose. Nesse sentido, recomenda-se a adoção de hábitos de vida saudáveis (alimentação adequada, prática de atividades físicas, exposição ao sol e sono de qualidade) e estratégias complementares, como ligadas à saúde mental.
Sendo assim, não naturalize sintomas como cólicas e fluxos menstruais intensos, especialmente, se você pretende engravidar. Protelar a investigação médica pode levar a um quadro de endometriose avançada, com todas as consequências aqui mencionadas. Agora que você conhece o impacto da doença sobre a sua saúde — principalmente, sobre a fertilidade — não demore para procurar tratamento!
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