A endometriose é uma doença crônica bastante prevalente. Estima-se que entre 10 a 15% da população feminina têm o distúrbio. Outro dado relevante é que, dentre as mulheres com dificuldade para engravidar, boa parte recebeu seu diagnóstico. A boa notícia é que quem tem endometriose pode engravidar!
Neste artigo, com a participação da Dra. Carla Regina Schmitz Vigo, ginecologista especialista em reprodução humana assistida e diretora da Clínica Effetto, em Caxias do Sul, RS, explicamos tudo sobre o assunto. Confira!
O que é endometriose?
O endométrio é a camada de tecido que reveste o útero. Quando não ocorre a fecundação, ele é eliminado a cada ciclo menstrual, sob a forma de menstruação.
Endometriose, por sua vez, é a presença desse tecido fora da cavidade uterina. “Ele aparece, principalmente, na pelve feminina (por exemplo, nos ovários). Porém, pode estar em diversos outros locais, sejam eles próximos, como nos intestinos (endometriose intestinal), ou distantes, como nos pulmões (endometriose torácica)”, explica a especialista.
A endometriose pode atrapalhar a estrutura dos órgãos reprodutivos, ser tóxica para óvulos e espermatozoides e, até mesmo, dificultar a implantação do embrião no útero. Por isso, trata-se de um distúrbio que reduz as chances de engravidar.
Quais são os sintomas da endometriose?
Os sintomas mais associados à endometriose são cólica menstrual intensa, dor no ato sexual e/ou, eventualmente, dor no baixo ventre fora do período menstrual. Mas além desses, inchaço abdominal, cansaço extremo e/ou presença de sangue nas fezes, ou urina, bem como subfertilidade e infertilidade, também são característicos.
Quais os fatores de risco para a doença?
As causas da endometriose não são específicas, pois se trata de uma doença multifatorial. Sendo assim, existem vários fatores que predispõe ao surgimento da doença. Sabe-se que tem risco aumentado para o seu desenvolvimento:
quem tem histórico de doença na família;
quem tem índice de massa corpórea (IMC) muito baixo;
quem tem alguma malformação no útero.
É possível prevenir a doença?
Não. Ao mesmo tempo em que não há como predizer o que causa a doença, também não há como preveni-la. “Claro que levar um estilo de vida saudável está relacionado à prevenção de diversas doenças, inclusive, endometriose. Ao mesmo tempo, quem tem endometriose, mas adota bons hábitos no dia a dia, também tem um maior controle da doença”, relaciona Dra. Carla.
Outra medida fundamental é que o médico que acompanha a mulher periodicamente realize a investigação adequada para essa doença quando houver qualquer suspeita. Afinal, quando a endometriose é corretamente tratada, as taxas de gravidez são otimizadas.
Como é feito o diagnóstico da endometriose?
Dra. Carla conta que, até há bem pouco tempo, o diagnóstico da endometriose era feito por meio da videolaparoscopia (um tipo de vídeocirurgia usada como exame ginecológico). “Porém, esse método, como diagnóstico, caiu em desuso. Atualmente, já é possível identificá-la por meio de exames de imagem”, destaca a médica. Para isso, os ginecologistas solicitam:
a ultrassonografia pélvica;
ou a ressonância magnética.
Mesmo que não haja sintomas de dor, quando há dificuldade para engravidar é comum investigar a possibilidade de endometriose. Isso porque, muitas vezes, a infertilidade é seu único sintoma.
Quem tem endometriose pode engravidar?
Sim. “Na verdade, nem todas as pacientes que têm endometriose têm, necessariamente, dificuldade para engravidar”, afirma Dra. Carla.
No entanto, quando existe o diagnóstico de endometriose, recomenda-se que a paciente faça um aconselhamento reprodutivo, ou seja:
consulte um especialista para conversar a respeito;
se planeje da melhor maneira possível;
se for o caso, evite esperas muito longas para procurar ajuda, o que pode comprometer o prognóstico do tratamento.
Quando procurar um especialista em reprodução?
Como a endometriose pode se manifestar de formas muito diferentes, é comum ocorrer a demora no seu diagnóstico. “Considerando isso, a Sociedade Americana de Reprodução Assistida recomenda que, quem tem diagnóstico da doença e menos de 35 anos, deve esperar, no máximo, seis meses para procurar ajuda após tentativas infrutíferas de engravidar. Trata-se de uma recomendação diferente da dada à população em geral na mesma faixa de idade, que pode esperar até um ano”, destaca a especialista.
Quais são as opções de tratamento?
A estratégia depende do objetivo de cada paciente. Se a queixa for restrita à dor, pode-se optar pela terapêutica medicamentosa. “Já se a ideia for engravidar, algumas pacientes podem ter indicação cirúrgica, outras necessitam de tratamentos de reprodução assistida de alta complexidade. Nesses casos, costuma-se realizar a fertilização in vitro (FIV)”, explica Dra. Carla.
É importante ressaltar que o tratamento da endometriose precisa ser individualizado. Afinal, ele depende de fatores como idade, reserva ovariana e sintomas (principalmente, as fortes cólicas menstruais) apresentados por cada paciente.
Para concluir, nossa especialista destaca que a demora até o diagnóstico dessa doença é comum, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Ainda que não acarrete em risco de morte, o distúrbio traz prejuízos à sua qualidade de vida e, muitas vezes, atrapalha o sonho da maternidade. Afinal, quem tem endometriose pode engravidar, mas sem o devido tratamento, pode perder um tempo precioso!
Esperamos que o conteúdo tenha aumentado sua consciência acerca dessa doença. Caso resida na região de Caxias do Sul e queira conversar a respeito desse ou de outros problemas referentes à fertilidade, agende uma consulta. Nossas especialistas estão à disposição!